Trilhar o caminho

Nasci e fui batizada poucos meses depois.
Aos 5 anos fui para a catequese.
Aos 14 fui expulsa pelo padre da paróquia com um grupo de amigas,porque nos recusavamos a trabalhar nas obras de construção civil da casa do padre.Sim,ele meteu os putos todos a trabalhar durante a semana,3h por dia nas obras.
"Ai isso é voluntariado".Não é meus amigos.Para isso estava lá o meu pai como voluntário.

Portanto aos 14 mudei de paróquia e conheci o verdadeiro voluntariado. Adorei tudo o que representou para mim, a minha educação no seio da Igreja e vi-a com outros olhos.Foi uma aprendizagem que ficou em mim.
Respeito,humidade e carinho.

Entrei para a faculdade e ia esporádicamente à missa na terra. Esses esporádicos transformaram-se em meses com pontualidades em casamentos/comunhões e funerais.

O practicante passou a não-praticante.

Depois veio o pedido de casamento e a convicção que seria na Igreja,no meu templo,onde está o meu culto,onde me identifico com o que representa (não quer dizer que identificar remeta para a concordância total).Mas é aqui que não balanço na minha fé.

Antes de casar reunimos como o o Padre e conversamos sobre nós.Sobre o afastamento físico mas não espiritual que fiz.
O que lhe disse comoveu-o.
O que revelei deixou-o a ele e ao marido espantados a olhar para mim. Emocionei-me.Emocionei-os.


O que sou,quem sou fui eu que formei.A minha religião permitiu-me descobrir o que de melhor tem e conseguiu passar-me valores  que enraizei em mim,o certo e o errado(forma simplista para não divagar).

Algures a meio da conversa perguntou-me se estaria disposta a encaminhar os filhos nos mesmos caminhos que eu trilhei dentro de mim,para estar ali naquele momento.
E sim,quero.
Não tenho problema em dizer que gostava e vou mostrar aos meus filhos o caminho que eu acho certo.Podem e devem questionar-lo.Fi-lo tantas vezes!Podem e se assim o entenderem seguir outro caminho quando acharem que aquele não é o deles.Eu procurei outro caminho e voltei para onde saí.

E o marido não tem palavra óh Lua?
Tem sim senhora! Pois que ele não teve nenhum tipo de educação de religião.
Não teve,mas tem uma coisa que faz toda a diferença: fez a busca interior dele e é precisamente no mesmo sitio e na mesma Igreja que ele sente que pertence.

Para mim a Igreja nunca foi o sitio onde só fui casar ou  vou batizar os filhos porque os outros acham que devia ou pela familia ou pela festa . Todas essas decisões foram e são tomadas porque acredito.

Não sou uma fanática religiosa,não sou uma beata,não sou sequer de falar entusiasticamente sobre este assunto.Nem sou apreciadora de debates efusivos. Sou o que sou.Não gosto de ser questionada por terceiros porque já fiz o meu percurso interior.E cada um tem o seu.

Tudo isto para dizer que este Papa parece trazer esperança.Faz-me acreditar na humidade,na simplicidade e no cumprimento do dever de unir povos.(idealista que sou).

Volto já*





Sem comentários: